sexta-feira, 2 de abril de 2010

O segredo

Feriado longo é bom por isso: a gente não precisa correr para fazer as coisas, nem planejar com muita exatidão, porque temos tempo para fazer o que tínhamos pendente e para descansar também, coisa que às vezes é rara no dias em que não trabalhamos. Parece um paradoxo, mas costuma acontecer de nos afobar mais para realizar coisas nos feriados do que nos dias úteis, o que dos deixa exaustos e com aquela bizarra sensação de que o feriado passou batido. Acho que isto acontece porque vamos deixando as pequenas obrigações domésticas ou pessoais se acumularem -achando que no fim de semana ou no próximo feriado conseguiremos dar cabo delas- até chegar ao ponto em que se tornam absolutamente inadiáveis, todas ao mesmo tempo. Resultado?: passamos os dias de folga correndo feito loucos, estressados e mal-humorados, revoltados e profundamente arrependidos por não ter aproveitado o embalo dos dias de trabalho para ir fazendo, pouco a pouco, estas atividades nada atrativas -porém indispensáveis- que nos negamos a aceitar como parte da nossa rotina... Esta atitude é, definitivamente, o melhor exemplo de como jogar no lixo o feriado e voltar à rotina do dia-a-dia com aquela cara de chateado e o coração frustrado, segurando a sua aflição na distante certeza de que, no próximo fim de semana ou feriado longo, conseguiremos descansar mesmo, porque teremos feito cada coisa quando era o momento, quando tínhamos tempo e disposição... Pois não tem nada melhor do que abrir os olhos pela manhã de um sábado, um domingo ou um feriado de fim de semana e perceber, sorrindo, que o tempo é todo nosso porque fomos organizados e capazes de deixar a preguiça de lado e fizemos o que precisava ser feito no momento certo... Isso sim é descanso, não só do corpo, mas também da mente e do espírito, pois estão sossegados e satisfeitos por terem cumprido com as suas obrigações na hora certa. A tranquilidade do dever cumprido é a melhor de todas e nada pode abalá-la, pois não estamos em dívida com ninguém, principalmente com nós mesmos.
E, aproveitando que estou sossegada porque já fiz tudo que precisava, aqui vai a crônica desta semana. E até vai dar tempo de postar uma história nova no outro blog!... Passem por lá e confiram!

Esta é uma grande verdade: acontecem coisas estupendas o tempo todo, em qualquer canto, em qualquer buraco, em qualquer fim de mundo. Em todo lugar existem pessoas fantásticas, inspiradas, altruístas e corajosas; estão em todas as classes sociais, em cada bairro, escola ou empresa, nas lojas, cozinhas, construções, hospitais e salões de beleza... E acreditem, elas nâo necessitam de dinheiro, publicidade, prestígio ou promoção para agirem, pois não há tamanho, espaço, condição, raça, religião, tempo ou diferenças culturais que impeçam as manifestações do amor. Tenho comprovado isto infinidade de vezes, mas mesmo assim, sempre que testemunho um destes episódios fico de queixo caído, profundamente comovida com os milagres que podemos conseguir e cheia de vontade de imitar estes pequenos heróis anônimos que estão salvando a humanidade... O amor é tão poderoso e abrangente que não precisa de pessoas escolhidas, lugares ou situações que gerem mídia para agir. E ele o faz através de nós mesmos, ensinando-nos, ajudando-nos e tornando as nossas vidas melhores, usando-nos como doadores e receptores. Para praticar atos de amor não são necessários requisitos, provas, testemunhas importantes, ganho financeiro ou grandes e complicados planejamentos. O segredo é, simplesmente, se deixar invadir, inspirar, guiar e agir sem se intimidar pelas regras ou padrões estabelecidos, pelo preconceito ou a vaidade. É preciso ser perseverante e paciente, compassivo, para que a nossa empreitada tenha sucesso, e aprender a nos sentir recompensados não com o aplauso ou os elogios, com a gratidão ou alguma retribuição material, mas com a mera consciência de que realizamos uma boa ação, de que ajudamos alguém que estava precisando, de que não fugimos do encontro nem da ação que Deus colocou em nosso caminho neste dia, neste instante. A verdadeira recompensa é saber que fizemos tudo que podíamos para que as coisas dessem certo, que cumprimos com a nossa parte na história que cruzou com a nossa (até porque estes cruzamentos nunca acontecem em vão, o que significa que, mais cedo ou mais tarde, perceberemos o presente que recebemos neste episódio) e sentir a nossa consciência tranquila ao respeito.
Eu não sei qual lei rege estas coisas (a lei da surpresa, talvez?) mas o amor costuma se manifestar sem reservas, sem restrições. É feito uma árvore que precisa de tão somente uma gota de água para soltar raízes e criar um tronco com seus galhos, folhas e flores e frutos instantaneamente; e esta diminuta gota de água é a nossa aceitação à sua manifestação, a mera intenção de realizar a boa ação já é suficiente para que ele comece a agir. Nada o inibe. Se divisa uma fresta, por menor que ela seja, logo vem e invade o coração, tomando conta dele por completo... O que o motiva? Pois não é nada demais, só o nosso próprio consentimento, mesmo que com alguma resistência... Às vezes, somos levados a acreditar que somente os corações puros e valorosos, os anjos e os santos desfrutam da beleza e do sabor dos frutos desta árvore, mas isto não é verdade -até porque esta afirmação vai contra tudo que o amor é- Ninguém é discriminado, todos podemos agir, sentir, crescer, sermos iluminados pela luz do amor e receber seus dons e recompensas. Nâo é necessário sermos perfeitos para dar amor, recebê-lo ou deixar que ele nos guie, pelo menos de vez em quando, porque todo ato de amor é válido.
Graças à Deus, a nossa ignorância, a nossa futilidade e egoísmo, toda a nossa vaidade e ambição não conseguem detê-lo nem torná-lo menos luminoso e poderoso, nada muda ou diminui seu poder transmutador, regenerador; nada o faz desistir, porque seu destino é habitar em nós e guiar nossos pensamentos e ações. E é preciso tão pouco para que ele aja, para que possamos sentir seus benefícios! É só dizer "sim"! Ele faz todo o resto e não pede nada em troca... Como o vento, sopra onde quer e ninguém sabe de onde vem nem para onde vai. Resta a nós abrir-lhe a porta.
Começo a vislumbrar as respostas para alguns enigmas, ou pelo menos um caminho que me permita vivenciá-los,dando-lhes o crédito que merecem, tirando-os do limbo dos "tabús", dos "impossíveis", das "ingenuidades" e das "utopias". O amor se revela algo completamente concreto, uma ação no tempo e no espaço reais, executada por pessoas de verdade, com resultados tangíveis e, se não imediatos, pelo menos a curto prazo. Então, por que esperamos a mídia, o dinheiro, o lugar mais conveniente, a cooperação dos outros, a aprovação das autoridades? Por que não agimos já, sem mais desculpas? O amor está ali, bem na nossa frente, só aguardando...

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