segunda-feira, 5 de julho de 2010

Perdição e redenção

Com a mudança da minha filha de volta para Londrina as coisas andaram ficando meio enroladas este fim de semana, mas hoje ela já termina de se instalar em seu próprio apartamento e tudo retorna aos trilhos em minha rotina, apesar desta tristeza e esta desagradável sensação de desamparo que está me batendo e querendo me derrubar. Sei que, se já passei três anos longe da minha filha e consegui continuar com a minha vida de forma positiva e produtiva, posso fazê-lo novamente, mas o impacto entre a sua companhia constante e a solidão que sinto assombrar-me neste instante é forte, talvez muito mais do que na primeira vez em que ela foi embora. Ainda bem que neste mês está de férias,então ainda vai passar boa parte do tempo aqui em casa e quando retornar ao trabalho manteremos aquela deliciosa rotina das visitas de fim de semana. Espero ter me adaptado com a idéia da separação para essa época para assim não sofrer tudo de novo!... Sei que a gente cria os filhos para o mundo, mas mesmo assim não é fácil, acreditem. Sobretudo quando os filhos são tão especiais e companheros feito os meus... Ainda bem que tenho este trabalho que adoro e que me mantém suficientemente ocupada como para não ficar por aí pensando besteiras!.
Então, e apesar desta pequena porém densa nuvem que paira hoje sobre a minha cabeça, vou sentar aqui e postar a crônica da semana, pois as rotinas continuam, os rituais se mantêm, as ações positivas precisam ser cultivadas e aperfeiçoadas, as obrigações e os prazeres vividos e aproveitados, os degraus galgados, os objetivos alcançados. Só assim teremos uma vida que valerá a pena, não é mesmo?... Por isso, aqui vai, e espero que gostem. Vou ver se esta semana consigo traduzir um outro conto para postar no fim de semana. Eu lhes aviso, ok?


Discutia outro dia com a minha irmã sobre reencarnação -tema pelo qual ela é fascinada e no qual acredita piamente- quando de pronto, no meio da conversa, comecei a perceber que, apesar de ter passado alguns anos afirmando que fazia parte do grupo de pessoas que seguem esta filosofia, na verdade não tinha nenhum argumento ou prova para sustentar aquela conversação. Realmente, este é um tema bem nebuloso para mim porque entrei nele meio que de gaiato, mais porque me pareceu uma boa forma de redimir-se ou consertar erros e perdas, de tornar-se de uma certa forma imortal, do que por acreditar mesmo neste eprocesso de karmas e vidas sem fim. No entanto, enquanto a conversa fluía através do computador, começaram a vir à minha mente algumas colocações interessantes, nas quais jamais tinha refletido, e que me pareceram bastante lógicas e coerentes com as minhas descobertas pessoais através da prática do Butoh (dança-teatro japonesa)... Nâo que me convenceram ou mudaram a minha opinião ao respeito, ou atiçaram a minha vontade de conhecer mais sobre o tema; muito menos esclareceram as minhas dúvidas e reticências sobre a filosofia, mas não deixaram de ser interessantes.
Acredito que reencarnação não seja exatamente ter vivido outras vidas em diferentes corpos ou épocas, mas estar ciente -nesta vida que experimentamos hoje- da existência ininterrupta (quase imortal) da humanidade dentro da história do universo, da vida. Cada ser e a sua jornada pessoal faz parte ativa e insubstituível desta espécie de quebra-cabeças de tempo-espaço. Nós realmente possuímos a memória ancestral das vidas de todos os seres, já que viemos de uma única fonte que nos mantém em constante união e comunicação através do tempo e do espaço, mas isto não significa que tenhamos, de fato, experimentado todas elas. Tampouco diria que se trata de uma consciência coletiva e idêntica, pois cada um é afetado, sente e expressa esta ancestralidade do seu jeito totalmente peculiar.
Acredito, sim, que existam planos nos quais aprendemos o que formos capazes de assimiliar naquele momento e que cada plano contém um número determinado de respostas e experiências segundo as nossas capacidades, então, cada um se desenvolve espiritual e fisicamemnte segundo elas. Com respeito a "pagar" ou se "redimir" dos erros e faltas cometidos ao longo da vida, posso dizer que é algo pouco lógico, já que não podemos dizer que não sabemos o que é bom e o que é ruim, o que pode provocar conseqüências negativas ou positivas, o que nos fará progredir ou estagnará a nossa evolução. Nós sabemos, com certeza, então, as escolhas que fizermos poderão ou não levar-nos a respostas, saídas, descobertas, mudanças ou ações que terão a sua reação na história. Nossa noção do certo e o errado é o que direciona as nossas opções, e acho que posso afirmar que ela é quase instintiva, como um dos elementos que constituem o instinto de supervivência. Assi, os nossos erros não são bem uma coisa "do destino", e tampouco receberemos no presente uma punição por falhas no passado. Temos, sim, lições a aprender e uma delas é que nós somos os únicos -aqui e agora- que temos o poder da escolha pelo certo, não importa se somos ricos e instruídos, ou pobres e ignorantes. O certo e o errado é idêntico para todos os seres. O certo leva ao bem espiritual e material; o errado leva ao desastre e á escuridão... Isto é tão óbvio! Como podemos ser incapazes de percebê-lo nesta vida ou em qualquer outra? O bem e o mal estão acima de qualquer condição externa, são o que são e não outra coisa, portanto, quando escolhemos sabemos o que nos espera. Uma outra encarnação não vai mudar este fato. Podemos optar, não importa onde estamos nem quem somos, e podemos nos arrepender, mudar de atitude, consertar o erro, mas será nesta vida, pois ela sempre nos oferece esta chance. O bem leva ao bem. O mal leva ao mal. Isto é uma lei inabalável.
Acredito que vamos de plano em plano, experimentando diferentes energias, aprendendo de diferentes mestres, vivenciando as mais diversas manifestações. Sempre haverão novos desafios, novas perguntas, novos encontros e descobertas, novas respostas -que completam as anteriores- em cada um destes planos, que formam uma escada que nos conduz à plenitude: Deus. Porém, isto também é uma escolha pessoal. Cada plano tem a sua duração, seu momento certo de acontecer, e isto é algo que precisa ser respeitado. Sabemos com certeza que devemos evoluir e encontrar as nossas respostas, porém, acabamos desperdiçando o tempo em ninharias e futilidades, em lutas estéreis, vaidades e egoísmos que só nos estorvam. Então, quando percebemos que este tempo terminou e que todos os nossos sonhos ficaram truncados, queremos encontrar uma alternativa afirmando que ainda teremos muitas vidas para conseguir o que não foi possível na atual. O problema é que os erros no ensinamento e prática do bem, da verdade, da compaixão e da sabedoria começaram hà muito tempo e já estão cristalizados, fazendo com que se repitam geração após geração... Mesmo assim, o amor continua a clamar: "O homem tem o poder de criar e espalhar o bem!" O homem é o senhor do bem. O bem e o mal são servos do homem, e não o contrário; ele pode cultivá-los e disseminá-los segundo a sua vontade... Mas será que nós percebemos o poder que nos foi dado? Será que sabemos mesmo o que fazer com ele?... Hitler percebeu e usou. Madre Teresa de Calcutá também. São dois exemplos perfeitos dos extremos a que poderíamos chegar utilizando a mesma consciência deste poder.
Decididamemnte, a perdição e a redenção caminham de mãos dadas na estrada dos homens, e só compete a eles a escolha do seu destino. E não há reencarnação que possa mudar isto.

Um comentário:

sol disse...

como é dificil para nós,humanos,aceitarmos que não ha nada depois da morte.Isso foi criado para dar ordem ao caos,para que a humanidade não se destruisse totalmente.mais ou menos como;não comam manga com leite que faz mal,mas nunca explicam um suco com leite.aceite,vc é apenas carne que se decompõe,como qualquer outro ser.pq eles nao tem ceu???viva a vida como melhor puder,ela acaba,só isso.abraços pacita!!!