sábado, 11 de abril de 2009

Aquela fotografia

Mais duas sugestões inteligentes da minha irmã: comunicar para os leitores do blog em português que também tenho um blog em espanhol, onde são publicadas as mesmas crônicas, e postar as crônicas que foram publicadas pela Folha de Londrina, já que quem está em Miami, República Dominicana ou Manaus não as leu ainda, pois este jornal não chega lá. Na verdade já postei duas das que saíram no jornal, mas acho bom publicar o resto também, assim os leitores não perdem nenhuma... Bom, estou percebendo que vou ter que nomear a minha irmã como a minha relações públicas e agente, porque só a ela lhe ocorrem estas coisas que fazem com que meu trabalho seja mais divulgado. Devo confessar que, na verdade, eu sempre tive este problema de pouca ou nenhuma criatividade quando se trata de "estratégias de marketing" porque sempre me dediquei somente a criar. Na Fundação tinha outras pessoas encarregadas desse departamento, então eu não tinha que gastar tempo esquentando a cabeça com esse tipo de coisa. Agora, por sorte, tenho a minha irmã (o nome dela é Sofía, por sinal, e também escreve; só falta que se decida a publicar seus textos, que são muito bons) para preocupar-se com isto... Acho que, como Paulo Coelho diz: o universo conspira para que as coisas funcionem quando somos fiéis aos nossos dons, à nossa missão nesta vida, aos nossos sonhos. Ele coloca em nosso caminho tudo que precisamos para que sejamos capazes de pôr em movimento as energías que possibilitarão os nossos objetivos... Porém, tem uma coisa: somente nós é que podemos fazer isto, é uma decisão nossa, de mais ninguém, e as forças que podemos mover à nosso favor são exclusivamente nossas, feitas para nós, então, se não fizermos nada, elas ficarão estagnadas, inúteis, desperdiçadas nos planos de Deus e na história que nos corresponde viver por conta do seu movimento... Que tal, então, abrir os olhos e tentar perceber o que nos rodeia como um meio de desenvolver e alcançar os nossos anseios? Está tudo ali, é só pegar, e é de graça! O que nos pertence ninguém mais poderá aproveitar, porém, se nós não o pegarmos, nossa existência se transormará numa infinidade absurda de milagres negligenciados e jogados fora. E isso seria uma tremenda ingratidão!...
E falando em aproveitar o que o destino nos oferece, aqui vai a crônica desta semana:

Sempre me chamou a atenção o fato de que a gente só cai na conta de que está envelhecendo quando, folhando os álbuns de família, de repente se depara com uma foto de alguns anos atrás e toma o maior susto, pois é quase como estar olhando para um desconhecido, para uma flor recém aberta e cheia de viço e esplendor... E aí, me ocorre a pergunta: por que será que no dia-a-dia o espelho não nos alerta sobre esta realidade, permitindo que enxerguemos uma imagem mais mental do que física? É como se ele possuísse alguma espécie de mágica que faz com que não notemos nenhuma mudança em nosso aspecto enquanto pintamos os lábios pela manhã ou ao conferir a nossa vestimenta antes de sair para o trabalho, enquanto escovamos os dentes ou depilamos as sobrancelhas na janela do quarto. Da mesma maneira, quando encontramos pessoas que não víamos há tempos, levamos um choque com a sua mudança -às vezes para melhor, às vezes para pior- mas em nenhum momento nos perguntamos se ela também não levou um susto quando nos viu, tanta é a certeza da nossa imutabilidade. Curiosamente, a idade parece refletir-se nos outros, na paisagem, na moda, nas gírias e nos avanços tecnológicos, mas não em nossa própria imagem ou desempenho. De alguma forma, estes parecem parar no tempo, impedindo-nos de perceber seu avanço inexorável... Os sinais estão por toda parte, mas nós preferimos ignorá-los e não nos impressionar quando encontramos na rua um aluno que esteve conosco uma vez e hoje passa dirigindo um carro, ou empurrando um carrinho de neném ou, trajado de terno e gravata, nos atende atrás de uma escrivaninha no banco. Vemos as paredes descascando, as árvores estendendo seus galhos, os prédios se erguendo em direção ao céu, os bebês nascendo, os adolescentes deixando as rebeldias para atrás e se formando na faculdade, as novidades aparecendo sem cessar, os números do calendário irem para frente e, mesmo assim, não temos real consciência de que nosso tempo está passando, de que estamos vivendo-o, de que está esgotando-se. As rugas e os cabelos brancos, os passos mais lentos e arrastados e os achaques ficam para os outros, pois nós parecemos viver num perene estado de juventude, feito Dorian Gray, e nada consegue trazer-nos à realidade... a não ser aquela fotografia esquecida no álbum, cruel, insubornável, imutável... Então, corremos até o espelho e olhamos esta imagem para comprovar os estragos que o tempo ocasionou a partir daquela outra, e toda a nossa história transcorre diante de nós, deixando as suas marcas, estas que formam a nossa feição hoje e que estão cheias de significado, de lições, de experiências boas e ruins, de vitórias e fracassos, de ganhos e perdas... Anos de vida. O tempo parou naquela fotografia, mas continuou correndo para nós, dando-nos e tirando-nos o que merecemos, conduzindo-nos rumo ao inexorável... É triste constatar este fato? Ou é gratificante deparar-se com a imagem de hoje, sabendo o que cada ruga e cada cabelo branco significam? A velhice, boa ou ruim, não é somente conseqüência do transcurso do tempo ou de uma decadência natural, mas da nossa história, dos nossos feitos, das nossas opções e ações, da nossa fidelidade aos dons que nos foram dados, do otimismo, da felicidade vivida e partilhada. mas, acima de tudo, do amor.

2 comentários:

D Z disse...

Oi Paz,

Depois de um século, eis que volto para ler vc, e como sempre, seus textos arrasam...

Sabe, sempre quis ser criança para sempre, da mesma forma que sempre quis amadurecer rápido, mas daí tinha um grande problema, como alcançaria o amadurecimento sem envelhecer? É, isso é algo meio impossível de acontecer...

Então, mesmo ainda querendo ser criança para sempre precisei aceitar que o tempo passa, que eu envelhecerei e, enfim, conseguirei o tão almejado amadurecimento (pelo menos ainda espero alcançar rsrs)

Mas voltando às fotografias, o que acho incrível é que apesar da maioria das pessoas se assustarem quando se veem em fotos antigas e percebem o tempo passou e a idade chegou, é que muitas delas, fisicamente, emocionalmente, etc, ficaram bem melhores do que eram... Isso pode-se dizer que é a parte boa de se envelhecer rsrs

Sobre divulgar o blog e seus textos, quer mais uma sugestão? Vc tem orkut? Se tiver, lá há algumas comunidades especificamente sobre blogs, onde se é possível divulgar seu blog e conhecer alguns outros blogs interessantes...

FELIZ PÁSCOA!

Bjssssssssssssss

Dany

Paz Aldunate - Palavras disse...

Cara Dany:
Já estava mesmo com saudade de vc!...
É verdade que a gente gostaria de ficar sempre jovem, como vc diz, mas isso é porque desconhece as vantagens de se envelhecer. A gente fica -a maior parte das vezes- bem melhor e passa a compreender e desfrutar das coisas que realmente têm valor. O corpo fica meio capenga, mas em se cuidando, a coisa pode melhorar! rsrsrs
Obrigada pelo seu conselho! Tenho um orkut, sim, mas raramente o utilizo, pois foi aberto por um amigo meu com a finalidade de me enviar algumas fotos. Mas vou dar uma olhada para ver o negócio dos blogs, com certeza.
Boa páscoa para vc também! Um abraço
PAZ