segunda-feira, 21 de junho de 2010

A última conquista

Bom, desta vez o atraso não foi devido a algum ensaio ou reunião, visitas inesperadas ou dramas familiares, mas à seleção brasileira de football, que inventou de jogar bem no domingo ás 15:30, justo quando temos o ensaio geral semanal do musical. Então, fui obrigada a mudar a minha agenda para sábado, dia em que tinha planejado postar todas as crônicas e a segunda parte do conto, aproveitando que a minha filha estava de plantão na tevê. Ainda por cima, tínhamos marcado com uns alunos de outra cidade -Assaí- para virem assistir o ensaio e depois termos um bate-papo sobre teatro, montagens, personagens, ensaios, aulas e tudo isso... Imaginem em que estado cheguei às sete da tarde em casa!... Absolutamente acabada! Sem inspiração nem para postar um ponto, é claro... Já sabem, a idade começa a pesar nessas ocasiões... Fora isso, fiquei bastante preocupada com um incidente que aconteceu durante este papo com os alunos (e que espero ninguém tenha percebido) e encontrar um jeito de resolvê-lo pacifica e sabiamente me deixou bastante grilada o resto do fim de semana. Mas acho que já sei como fazer para que ninguém saia sentindo-se magoado ou ofendido. É algo que teria preferido que se resolvesse sozinho, mas em vista do que aconteceu, vou ter de interferir e acabar com a coisa antes de que piore e eu termine perdendo algum dos integrantes do grupo... Como vêem, ser diretora de teatro não é somente ter idéias, escrever textos, montar peças e dar ordens. Infelizmente, com o passar do tempo e da convivência, a gente acaba virando uma mistura de mãe, esposa, conselheira espiritual e sentimental, exemplo, torcedora e mais um monte de coisas que precisamos saber administrar para que o trabalho se mantenha profissional e não vire uma aula de terapia em grupo, que é a última coisa que desejo. Em geral, não gosto muito de interferir, mas neste caso, se não puxar a orelha dos envolvidos, eles vão acabar brigando féio e talvez até largar o grupo, e são bons demais como para que eu permita que isto aconteça, então...
Bom, então aqui vai a crônica desta semana e logo a segunda parte do conto. (lembrem-se, o endereço é: pazaldunate-estorias.blogspot.com) E se gostarem, podem gritar "Goooool!" e assoprar suas vuvuzelas!.
Acredito que amar incondicionalmente seja a nossa última conquista, o ato mais completo, complexo e difícil, o mais radical que podemos praticar, após o qual nada nos resta por fazer. Por isso é o último e por isso nos redime, pois devolve tudo ao equilíbrio, à evolução, à perfeição. Nos salva não porque deixamos de ser imperfeitos ao amar, mas porque nos torna capazes de lutar contra estas imperfeições, tornando-nos assim compassivos e pacientes com os outros, já que temos perfeita consciência do que é sofrer por causa das nossas fraquezas. Amar nos torna sábios porque conseguimos colocar-nos no lugar do outro para entender e solidarizar com o que lhe acontece, para ajudá-lo a encontrar respostas e saídas baseando-nos em nossa própria experiência. Como dizia Teresinha de Lisieux, os nossos pecados são tão úteis quanto as nossas virtudes e Deus aproveita-se deles para ensinar-nos, feito um pai amoroso que aceita o livre arbítrio do filho para decidir, mesmo que ele saiba que vai se machucar...
Amar é, então, o último ato porque nos liberta e quando se perde tudo e nada mais se deseja a não ser o que a vida nos oferece, estamos livres para amar incondicionalmente, pelo fato em si, pela consciência que dele temos, por isso não esperamos nada em troca, nem mesmo sermos amados.
Pensando bem, amar é mesmo uma loucura, pois o fazemos sem condições, expectativas ou preconceitos, não há exceções, não há regras, não existem empecilhos. É como se jogar num abismo, como abrir uma porta e entrar num universo desconhecido de olhos vendados, mas como o amor é a nossa porção divina e não podemos escapar dele (todo mundo ama em algum momento, com maior ou menor ímpeto e fidelidade) porque seria negar a nossa natureza (assim como negar a nossa porção negativa também o seria) o melhor é se entregar e fazer a viagem até o fim, sem pensar aonde ele nos conduzirá nem quais serão seus frutos. Há que se amar, e ponto.
Se o nosso corpo já é um milagre, se o nosso coração possui a semente do amor que lhe outorga o poder de transformar e ser transformado, então a nossa alma é mais do que isso, pois não é uma manifestação de Deus, mas o próprio Deus dentro de nós e, sendo Ele a perfeição do amor, este torna-se inerente ao próprio fato de sermos humanos.

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