sábado, 11 de fevereiro de 2012

"Ataques de felicidade"

    Bom, o retorno ao trabalho não foi tão traumatizante assim, porque como não vou ficar por muito tempo, não serei incluida em nenhum dos projetos da Fundação, o que é realmente um alívio porque se aproxima o famigerado carnaval brasileiro -que nunca consegui entender- e todo mundo começa a pirar e a querer fazer desfile, matiné e brincadeiras para as crianças, formar blocos com nomes esdrúxulos, costurar fantasias, comprar cervejas e passagens para Rio ou Salvador ou inventar barracas típicas na praça até tarde da noite... E, claro, a Fundação não escapa à tradição, então já estamos todos nos preparando para quatro dias infernais entre foliões, bandas ensurdecedoras, trenzinhos, sambinhas e etc. e, para coroar, muita, muita sujeira e confusão... Mas fazer o quê, é tradição popular, né?...
    E então, antes que a loucura se estabeleça, aqui vai a crônica da semana, desta vez postada no sábado, porque não sei o que será da minha vida na próxima semana. Estão para acontecer coisas vitais, divisoras de águas, ações que vão abrir as portas da minha nova existência, coisa que aguardo ansiosamente há tanto tempo que nem eu mesma tinha percebido... Está tudo nas mãos de Deus e tenho certeza de que Ele estará comigo, com todos nós, neste capítulo tão importante das nossas vidas. E não se preocuppem, que vocês vão ficar sabendo de tudo, ok?
    Então, aqui vai:

    Podem acontecer nos momentos mais inesperados, quase sempre banais, quando estou totalmente desprevenida (parece que quanto mais desprevenida melhor) e duram apenas alguns segundos, mas me deixam uma sensação tão boa, a minha alma e meu coração se enchem de tal alegria, leveza e gratidão, de um otimismo tão brilhante, que parecem limpar por completo tudo de ruim que há dentro de mim. De fato, quando eles se desvanecem parece que me torno capaz de enxergar o mundo, as pessoas e as situações -até as mais problemáticas- com novos olhos, frescos e claros. Parece que uma rajada de ar perfumado e poderoso varresse todas as minhas angústias, todas as minhas ansiedades e eu ficasse livre, nua e iluminada diante da minha própria vida, tomada pela mais absoluta gratidão. De repente, quando esta sensação me invade, consigo perceber a simplicidade e a maravilha da existencia, os detalhes preciosos, os milagres que me rodeiam, a sorte que tenho, os sucessos que alcancei, o futuo feliz que posso constuir se me mantiver neste estado de espírito positivo e confiante, sem complicações desnecessárias; percebo e agradeço meus talentos, as experiências pelas quais passei e estou passando, porque reconheço claramente as lições que cada uma delas contém, e fico feliz por conseguir absorver grande parte delas -mesmo que às vezes demore um pouco- aproveitá-las e passá-las adiante através dos meus textos e das aulas que ministro. Estes são instantes de clareza e segurança absolutas, de uma certeza sobrenatural sobre as verdades que  devem guiar a minha vida, de uma felicidade tão intensa, profunda e real, gratuita, que só posso acreditar que vêm de Deus, ou do meu anjo da guarda, ou então do próprio coração da criação que nesse instante escolhe conectar-se comigo e me revelar os seus segredos... Sei que parece bem ingenuo, mas, pensem um pouco... E por que não? Não somos por acaso parte de uma mesma manifestação?  Não possuímos uns as qualidades físicas e espirituais dos outros? Não existe uma linguagem que torna possível a nossa comunicação e interação?... Por quê, então, seria algo tão improvável?
    Estes são o que eu chamo de meus "ataques de felicidade", mas acho que não devo ser a única a sofrê-los, pois todos temos a chance de abrir-nos, de entregar-nos, de optar por senti-los e desfrutá-los para depois guardar em nossos corações e mentes essa sensação magnífica de dita e clareza, de otimismo, de gratidão e fé absolutas, que nos servirão de suporte e consolo quando vierem dias difíceis. É só nos afastar por alguns momentos dos nossos problemas, dúvidas e receios e permitir que o vento nos acaricie, o sol nos aqueça, os pássaros cantem para nós, a água mate a nossa sede, o céu desanuvie ou a chuva nos embale na hora de dormir... A felicidade está aqui, do nosso lado, rodeando-nos, falando conosco constantemente, na simplicidade do nosso dia-a-dia, dos nossos afazeres quotidianos, dos encontros que temos, das ações, olhares e palavras positivas que distribuímos ou recebemos ao longo da cada jornada. Todas estas boas ações das quais temos tão pouca consciência são recompensadas, mas precisamos prestar atenção para não perder estas recompensas, porque elas quase sempre estão escondidas naqueles detalhes que nós costumamos deixar passar, achando que só poderemos encontrar a nossa quota de alegria na grandiosidade, no excesso, na notoriedade, nas grandes empreitadas e sucessos. Alguns têm mesmo esta missão e é assim que se realizam, mas, e nós, reles mortais que levamos a nossa vidinha modesta e anônima? Será que temos esta chance?... Pois eu estou convencida de que nós, mais do que aqueles que têm tanta responsabilidade e sofrem tantos ataques justamente por serem notórios demais, temos muitas mais chances de encontrar e desfrutar a felicidade, de sermos atacados por ela a qualquer hora, em qualquer lugar, pelos motivos mais simples... A felicidade é semelhante a um alicerce que sustenta o nosso viver o tempo todo. Basta que, de vez em quando, a deixemos aflorar e tomar conta para que possamos nos renovar, nos reciclar e aprender a olhar o mundo com mais compaixão, paciência, otimismo e confiança. Porque é disto que o mundo precisa.

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