sábado, 19 de julho de 2008

Gratidão

A vida que levamos, as coisas que realizamos, os sonhos que temos, as batalhas que travamos, os amores e os ódios que nos consomem, os sucessos que nos gratificam e os fracassos que amargamos; cada um com os seus... Me espanta ver a diversidade de caminhos, de dinâmicas, de prioridades e escolhas que cada ser humano pode possuir e perseguir, cada um sendo totalmente único e pessoal! Para mais ninguém serve a não ser para quem o vivencia... O que para mim é supérfluo ou insuficiente, para outro pode ser vital e bastante, o que para mim é pequeno e sem valor, para um outro pode significar a diferença entre a felicidade ou a desgraça, o que alguém quer ou consegue após incontáveis sacrifícios eu possuo como um direito inalienável... Às vezes, estas diferenças tão gritantes de valores e prioridades me comovem profundamente e me fazem perceber o tamanho da minha ingratidão diante dos meus logros e possessões. Vejo um cadeirante que se esforça a cada dia para ser capaz de encestar uma bola, para se deslocar com maior velocidade e eficiência pela quadra, que vai a todos os treinos e levanta pesos, faz abdominais, corre pela quadra quicando destramente a bola e depois vejo a minha própria imagem cheia de preguiça, esparramada no sofá ou relutando para sair da cama cedo e fazer a sua caminhada diária. Eu, que tenho duas pernas saudáveis para realizar este feito... Depois, vejo no jornal uma mulher, velha antes do tempo e com as marcas de intermináveis privações sulcando seu rosto de expressão tímida e desencantada, se dizendo feliz se tiver uma mesinha com quatro cadeiras para fazer seus salgados, um fogão "mais ou menos" e um colchão com um cobertor para os filhos, tudo dependendo da boa vontade dos vizinhos ou de grupos de ajuda aos necessitados.. E em seguida me ouço reclamando com agrura por isto ou aquilo, querendo mais, gastando descabidamemnte em caprichos e excessos, criticando ou desprezando o que já possuo -que para aquela mulher significaria um luxo impensável e mais do que perfeito...
Nâo sou a favor do conformismo, mas tampouco se deve desprezar ou ignorar o sucesso, a gratificação, os presentes e as possessões só porque, para nós, em nossa posição, são naturais ou fazem parte do nosso dia-a-dia. Não é que vou desejar menos porque o outro se contenta com isso, pois cada um tem as suas necessidades, mas tampouco vou perder a consciência do que tenho, do que me custou e nem da gratidão inerente a estas conquistas.

2 comentários:

Nathany Ferreira disse...

Vejo gratidão como uma qualidade essencial. Gratidão para com Deus, para com os amigos, para com tudo que temos. Desde as coisas mais simples como a chuva que cai e faz florescer os campos ao amor incomparável de mãe. A gratidão é aliada ao amor, ao cuidado... pois quando somos gratos reconhecemos o valor de alguma coisa ou o valor de alguém.

Paz, que saudade!

Paz Aldunate - Palavras disse...

Caríssima Nathany:
Que saudade mesmo!... Ainda espero ver você aparecer por aqui e se integrar à nossa troupe, porque talento para isso é o que não lhe falta. Adorei seu comentário, nem parece você!... Mas acho que, na verdade, essa É você, né?. Beijos e... apareça, mesmo!