sábado, 16 de agosto de 2008

O que realmente precisamos?

Hoje, ao contrário da semana passada, não estou tão inspirada. Primeiro porque e stou com uma tremenda de uma gripe -que já estou combatendo por todas as frentes porque NÃO POSSO ficar doente agora- e segundo, porque recebi a triste notícia de que a minha melhor amiga vai embora para Portugal mes que vem, o que me deixou bastante arrasada. Sei que a gente não deve ser egoista nem se apegar demais a nada ou ninguém e que, realmente, a minha amiga precisa fazer alguma coisa com respeito a sua vida, pois está totalmente infeliz e sem perspectivas aqui no Brasil, então... Vou tentar ser magnánima e não estragar seus últimos dias aqui andando por aí de cara amarrada nem arrastando o traseiro pelos cantos da casa. Afinal, gostando dela como gosto, eu desejo que seja feliz e se realize, assim como eu, mesmo que seja longe daqui... Agora, que foi um golpe duro da parte de Deus, ah, isso foi. Já andei dando-lhe umas broncas, mas como Ele é muito compreensivo e paciente, não mandou um raio de merda me pulverizar -e nem o fará- e fica aí, feito um verdadeiro pai, cheio de paciência e compreensão, enviando-me todo tipo de mensagens animadoras sobre confiar nele e esperar com fé... E, passada a primeira tristeza (porque é preciso passar por ela), é isso que vou fazer. Afinal, nunca me dei mal por agir assim.
E aqui vai a crônica de hoje:
Uma coisa nova: uma roupa, uma planta no jardim, uma cortina na sala, uma caixa de lápis de cor, uma almofada no sofá, um jogo de louça, uma toalha, um brinco, um batom... e parece que a nossa vida se enche de novas possibilidades, de novas perspectivas e renovados brios para continuar em frente e até, quem sabe, tentar algo novo, dar uma guinada, recomeçar. Ano novo, o jardim recém aparado e regado, a estréia do vestido ou a primeira pincelada com a caixa nova de gouache e parece que algo mágico acontece e o universo inteiro se transforma, deixando-nos felizes feito crianças e repentinamente realizados por causa desta pequena mudança, desta novidade às vezes inesperada, outras longamente almejada e planejada... Então me pergunto, mais uma vez: o que realmente precisamos para ser felizes?.. E vejo que, no fundo, não é mais do que uma sucessão de coisas tão simples e próximas, por vezes tão banais e simples de serem conseguidas, que me parece ainda mais absurda esta luta que travamos a cada dia por mais poder e prestígio, por mais posses e esbanjamento. Na verdade, isto depende das possibilidades e da ambição de cada um, mas em geral somos educados para que ela nos empurre impiedosamente a ter mais e mais para poder mostrar a nossa eficiência e poder neste mundo que se tornou tão acirradamente competitivo e desumano. Pois hoje não basta uma caixa nova de lápis de cor para sermos invadidos pela felicidade de uma estranha e inesperada renovação, pela certeza de alguma promessa prestes a ser cumprida. Não, hoje é preciso o modelo mais vançado de celular ou videogame, a bolsa e os sapatos da griffe mais badalada, o quadro do pintor mais renomado, o carro último modelo, a melhor casa do condomínio fechado, a garota ou garoto mais popular da escola, o conhecido mais influente e articulado... E tudo isto, que será em breve substituído por algo ou alguém melhor, numa corrida desesperada de consumo e busca pelo prestígio, consome todo nosso tempo e a nossa criatividade, a nossa afetividade, e denuncia a nossa falta de auto-estima, a nossa carência, a nossa solidão. Por que precisamos de tanto para satisfazer-nos? E mesmo assim, por que nunca o estamos? Onde termina nosso desejo?... Mais do que isso, qual é o nosso real desejo? Ter? Ser? Estar? Fazer parte? Dominar? Intimidar? Pedir atenção?... Talvez todos eles, talvez um só: ser amado.
Mas, será que é este o caminho certo para consegui-lo?.

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